Colômbia: eleição tem compra de voto, cidadão pressionado por empresa e publicidade ilícita

Ao todo, 3.539 membros da Missão de Observação Eleitoral, além de 46 consulados de 19 países, analisaram o processo de votação em 467 municípios da Colômbia

A Missão de Observação Eleitoral (MOE) divulgou há pouco o primeiro informe sobre as eleições presidenciais deste domingo (29), na Colômbia.

O comunicado apresenta informações coletadas por meio de observadores e também denúncias, recolhidas ao longo do dia em 467 municípios, além de 46 consulados de 19 países.

Apesar da proibição de publicidade em dias de eleição, foram computadas, segundo a MOE, um total de 26 ilegalidades desse tipo em no mínimo 13 cidades (Foto: Marcha Notícias)

Segundo a MOE, foram registradas tentativas de compra de votos por meio da entrega direta de dinheiro.

Houve pressão de empresas para que colaboradores escolhessem candidatos específicos, além de limitações e restrições para que fossem votar, por parte dos empregadores.

A relação de irregularidades segue. Testemunhas eleitorais tiveram problemas para entrar nas assembleias de voto em ao menos cinco cidades, como Medellín e Bogotá.

Apesar da proibição de publicidade em dias de eleição, foram computadas, segundo a MOE, um total de 26 ilegalidades desse tipo em no mínimo 13 cidades. Entre as ações, então envio de mensagens de texto, ligações e propagandas nas proximidades das assembleias de voto, incluindo na entrada de consulados nos Estados Unidos.

O ofício relata ainda que, em apenas 13% das assembleias de voto observadas, os jurados eleitorais foram identificados com algum tipo de crachá de campanha. Em 62% das tabelas examinadas (245 municípios em 24 departamentos), não foram instaladas máquinas de identificação biométrica.

Houve transtornos também na fronteira com a Venezuela. A Guarda venezuelana bloqueou o acesso de duas pontes, Simón Bolívar e Francisco de Paula Santander, a colombianos que tentavam votar na Colômbia.

Diversidade, inclusão e igualdade

Pela primeira vez, a MOE realizou observações focadas em pessoas trans e pessoas com deficiência.

Dos 56 observadores trans, nenhum teve direito de voto negado, embora 22% tenham sido revistados irregularmente e 12% ouvido comentários discriminatórios. Levando em conta a totalidade das observações da MOE, foi constatado que, em 65% das mesas, não foram observadas peças informativas ou pedagógicas sobre as garantias das pessoas trans ao votar.

Em 245 municípios, não foram instaladas máquinas de identificação biométrica, segundo a MOE (Foto: Marcha Noticias)

Acerca das pessoas com deficiência encarregadas de observar o processo eleitoral – um total de 67 cidadãos -, todos puderam entrar nas assembleias de voto sem restrições. No entanto, em 29% dos locais de votação não foram observados servidores encarregados de orientar ou auxiliar pessoas com deficiência visual, auditiva, física ou intelectual.

Deve-se destacar ainda que, de todas as mesas analisadas, 70% tinham mulheres como presidentes.

A Missão de Observação Eleitoral contou com 3539 observadores, dos quais 97% foram autorizados a entrar nas assembleias de voto.

Confira o documento na íntegra em Primer informe Misión de Observación Electoral MOE – Medio Día.


* Texto publicado originalmente em Diálogos do Sul Global.