Conheça os 4 pontos que vão guiar a mobilidade urbana em Bauru

Plano de Mobilidade municipal tem ações de diferentes complexidades, custos e prazos, definidas para os próximos 10 anos

A mobilidade urbana em Bauru está passando por importantes mudanças, incluindo a abertura de ciclovias e adaptações para acessibilidade. As obras fazem parte do Plano de Mobilidade do município, documento criado em cumprimento à Política Nacional de Mobilidade (Lei 12.587/2012).

Modificações na estrutura viária não serão capazes de solucionar problemas causados pelo excesso de veículos. (Av. Nações Unidas – Foto: Guilherme Ribeiro)

O projeto bauruense tem ações de diferentes complexidades, custos e prazos, definidas para os próximos 10 anos e organizadas em quatro áreas que incluem, desde meios de locomoção, a saúde e meio ambiente. Confira:

Mobilidade Ativa e Ciclomobilidade

Prioridade do Plano de Ações, os modos ativos se referem à circulação de um ponto a outro da cidade a pé ou de bicicleta. Parte-se do princípio de que esses meios de locomoção são mais democráticos e sustentáveis, assim como são mais baixos os custos para a manutenção desses trajetos, comparados aos investimentos dedicados à circulação dos automóveis. Valorização e reconhecimento do transporte a pé e de bicicleta, melhorias nas condições das calçadas – como arborização e iluminação – otimização da integração no transporte público, revisão do tempo dos semáforos destinados à travessia de pedestres e aperfeiçoamento da estrutura de ciclovias integram o pacote de ações.

​“Seria ótimo”, comenta Carlos Roberto Faria, 59, sobre a instalação das faixas exclusivas para bicicletas. Ele utiliza a bicicleta como meio de transporte diariamente: “Eu gostaria que houvesse em toda a cidade e não apenas nas avenidas principais. Mas claro que isso demanda recursos também”, comenta.

​A cidade de Bauru conta com quatro ciclovias, localizadas nas avenidas Nações Norte, Eng. Luiz Edmundo Carrijo Coube, Jorge Zaiden e Rodrigues Alves – esta, nas proximidades do bairro Otavio Rasi. O problema é que esses trechos são geralmente utilizados para o lazer e não como vias de transporte, pois não interligam uma região à outra. A ideia é construir cerca de 50km de ciclovias e promover o encontro entre, por exemplo, a Nações Norte e a Eng. Luiz Edmundo Carrijo Coube, num percurso norte-sul que de fato possibilite ao cidadão se locomover com segurança de um ponto a outro da cidade. Há previsão ainda de criação de estacionamentos e garagens para bicicletas.

​Além do perímetro urbano, esse primeiro tópico do Plano de Ações também apresenta medidas para a área rural, como atualização do mapa de estradas e melhorias da sinalização nessas regiões.

​Serviços de Transporte Urbano

Ao invés de novas avenidas, a ideia é aumentar a qualidade do transporte público coletivo (Foto: Guilherme)

A segunda divisão de ações do Plano de Mobilidade de Bauru visa, em linhas gerais, reestruturar e melhorar o transporte coletivo por ônibus, incluindo o serviço oferecido, sua infraestrutura e gestão. As mudanças foram definidas com base em um diagnóstico contratado em 2014 para Remodelagem do Transporte Público e incluem maior interação com os usuários, através de pesquisas de satisfação; diminuição dos pontos de parada; instalação de sinalização tátil e braile; diminuição do tempo de espera; maior atenção à pessoa idosa; criação de corredores de ônibus; renovação da frota de veículos; disponibilização de wi-fi e ar condicionado e modernização e ampliação do sistema de integração.

​Sistema Viário e Infraestrutura

A terceira parte do Plano de Mobilidade apresenta um dos pontos mais significativos quanto à mudança na cultura de valorização dos transportes motorizados. O documento inicia reconhecendo que muito já foi feito para esses modos de locomoção, que modificações na estrutura viária não serão capazes de solucionar os problemas causados pelo excesso de veículos nas ruas e que, agora, o foco é o modo ativo – pedestres e ciclistas. Ao invés de novas avenidas, a ideia é aumentar a qualidade do transporte público coletivo.

As medidas destinadas ao sistema viário incluem: manutenção ou diminuição da quantidade de faixas para tráfego misto (em que todos os veículos circulam) bem como alterações na largura dessas faixas; abertura de travessias; melhorias na pavimentação; recuperação de mata ciliar para preservação das margens dos rios; revisão de limites de velocidade; alterações em níveis e larguras de faixas de pedestres e calçadas em cruzamentos, facilitando a travessia a pé; otimização da sinalização com foco nos modos ativos; mapeamento; regulamentação e sinalização das vias rurais.

Educação, Saúde Pública e Meio Ambiente

Plano é levar debate sobre mobilidade para a sala de aula e conscientizar a população. (Parque Vitória Régia – Foto: Guilherme Ribeiro)

Em seu último percurso, mas não menos importante, o Plano de Ações sinaliza a importância de compreendermos o trânsito como política pública e a mobilidade como um fenômeno social, tendo a educação papel fundamental na garantia de uma circulação segura, tanto para o indivíduo quanto para o coletivo. Por isso, foram definidas medidas como: aperfeiçoamento no processo de arborização urbana, instalação de sanitários, bancos e bebedouros públicos e regulamentação do comércio informal.

Com foco maior em políticas educativas, a intenção é incluir a mobilidade como tema das atividades curriculares nas escolas e promover a conscientização da população em aspectos como: paradas em locais proibidos; regras de circulação; proteção e respeito à pedestres e ciclistas; valorização da circulação a pé e de bicicleta e prevenção de acidentes de trânsito e mobilidade. Sobre isso, o aposentado Carlos diz: “Esse trabalho deve ser feito não só para aqueles que utilizam o automóvel ou moto. Os ciclistas devem andar equipados, não ultrapassar o semáforo… Todos devemos ter atenção e educação no trânsito”.

Para saber mais sobre a Política Nacional de Mobilidade e a construção do Plano de Mobilidade de Bauru, confira: Obras do Plano de Mobilidade de Bauru já estão em execução.


Reportagem produzida para a disciplina de Jornalismo Impresso II da Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação da Unesp, campus de Bauru, ministrada pelo Prof.º Dr. Angelo Sottovia Aranha.