"Não houve sinal sonoro", relata brasileira sobre terremoto no México

Daira Botelho viveu momentos tensos, mas tem adorado o país e decidiu ficar até dezembro para terminar os estudos

Dois grandes terremotos atingiram o México em setembro, causando destruição e deixando mais de 450 mortos. Daira Botelho, doutoranda em Comunicação em intercâmbio no país, presenciou o episódio na Cidade do México.

Pequenos abalos foram sentidos logo no início do mês. Daira conta que o primeiro sinal sonoro — emitido sempre dois minutos antes de um abalo — foi ouvido no dia 6, mas era um alarme falso. Na manhã do dia seguinte (7), houve um segundo alerta, mas dessa vez os tremores chegaram. A brasileira e outros estudantes aguardaram do lado da fora de casa onde moram, como foram orientados a fazer. O epicentro foi próximo ao estado de Chiapas, a 835 km da Cidade do México, e por isso não houve grande danos nas proximidades da capital.

​Diferentemente do dia 6, não houve sinal sonoro. Então, teoricamente, não tivemos 2 minutos para sair e esperar o terremoto chegar

Às 11h do dia 19 de setembro, universidades, bibliotecas e hospitais promoveram simulações para o caso de sismos, como fazem todos os anos em razão do terremoto ocorrido em 1985 e que deixou mais de 10 mil mortos. Às 13h, Daira conta que estava estudando, quando sentiu a cadeira balançar: “Fomos para fora. Diferentemente do dia 6, dessa vez não houve o sinal sonoro. Então, teoricamente, não tivemos 2 minutos para sair e esperar o terremoto chegar. Quando saímos, a terra já estava tremendo muito forte!” e desabafa: “Você não sabe o que fazer, não sabe quando vai acabar, não sabe se vai durar um ou dez minutos, se vai abrir um buraco no chão e vamos cair, se a casa inteira vai desabar”.

​O terremoto nesse dia, com epicentro em Morelos, a 120 km da Cidade do México, atingiu a marca de 7.1 pontos na escala Richter. Muitas coisas se quebraram dentro de casa e, no bairro onde mora, prédios e muros ruíram. Daira e os outros estudantes prepararam mochilas com roupa, água e comida e aguardaram até as 00h00 do dia 20, quando religaram a energia — interrompida, nesses casos, por medida de segurança. Só então conseguiram conversar com amigos e familiares e puderam, através das notícias da internet, entender a magnitude dos estragos e o número de mortos.

​Para Daira, o pior dia foi o sábado, quando já abalada e com muito medo presenciou mais um leve tremor. Porém, ainda que tenha visto muitos colegas voltando para o Brasil no dia seguinte, ela decidiu ficar até dezembro e terminar os estudos: “Os mexicanos vivem aqui, eles têm que lidar com isso. É a lição dessa experiência: nós passamos por tanta coisa, mas temos que seguir, apesar do medo” e completa: “Os mexicanos são incríveis, o México é um lugar incrível, é um país absurdo!”


Matéria produzida para a disciplina de Técnica Redacional II — Impresso, da Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação da Unesp, campus de Bauru, ministrada pela Prof.ª Dra. Vivianne Lindsay Cardoso. Informações concedidas por Daira Botelho em entrevista coletiva.